James Cameron fala sobre a razão pela qual devemos salvar o mundo natural e por que esse caminho não será fácil.
Dado que 'Avatar' continua se destacando bem nas bilheteiras, pode parecer surpreendente que a 20th Century Fox e o realizador James Cameron estejam lançando o filme em disco Blu-ray e DVD tão rapidamente. Mas Cameron tem uma grande razão para que o longa-metragem seja lançado dia 22 de abril, também conhecido como o Dia do Planeta Terra. "A Fox tem sido muito compreensiva conosco em relação a todo este lançamento do Dia do Planeta Terra. Adoramos o sucesso comercial do filme, o que mostra como estamos nos comunicando com as pessoas de todo o mundo, mas o que também descobrimos foi que, todas estas pessoas - vários grupos e causas que vêm lidando com problemas ambientais e direitos indígenas - vieram até nós e, na verdade, viram 'Avatar' como uma lente focalizadora e o público de todo o mundo ficou comovido com estes problemas, portanto o Dia do Planeta Terra é perfeito para apresentarmos os discos e quero expressar a minha gratidão ao estúdio por apoiar estas ideias."
E para Cameron, não é pelo dinheiro. "Não estou querendo vender DVDs às custas da miséria do planeta, mas sim na esperança que um diálogo permanente acerca de 'Avatar', das necessidades e dos problemas levante a conscietização para aquilo que tem de ser feito. É essa a minha nova missão. Há aqui uma oportunidade para 'Avatar' ser útil ao contrário das coisas que ajudam o filme. Na verdade, a minha mulher disse: "Querido, isto é mais que uma mera oportunidade, é um dever, uma responsabilidade.' E eu agora vejo dessa maneira. Assim, como tenho sempre sido um ativista ambiental, vou atingir um nível completamente diferente com o filme."
Então, na opinião deste ativista ecológico sem rodeios, de que auxílio nosso mundo mais necessita? "O que não necessita auxílio? Os oceanos estão sob muita pressão - populações de peixes estão sendo destruídas. Na noite passada, li um artigo na (revista) 'Scientific American' que mostra as várias 'fronteiras' que não podemos ultrapassar sem que provoquemos danos irreparáveis ao mundo. Já ultrapassamos algumas delas e aquela a qual passamos além das fronteiras é o número de espécies extintas." E há muitas outras preocupações para lidar, como explica Cameron: "Há o problema do aquecimento global, ou a perda de habitats e biodiversidade, a crise do escoamento de poluição, onde estamos fazendo circular o nitrogênio para fora do ecossistema terrestre e para dentro dos oceanos, onde ele causa zonas mortas. Até o que causamos ao lençol freático, baixando os seus níveis e criando desertificação, onde houve excesso de pastos e a terra está sendo reclamada pelos desertos porque não possui crescimento de plantas para resistir à erosão e ao esgotamento do solo."
Mas, quando perguntado pelo que podemos fazer na prática para começar a reparar os danos, Cameron admite rapidamente que o trabalho não será fácil. "A solução para qualquer um destes problemas está interrelacionada com a solução para todos eles e é muito simples: temos de parar o crescimento da população e o crescimento industrial. E isto não vai acontecer. É tão incorreto que todos que tentam recuperar de uma recessão econômica dizem: 'Temos de estimular o crescimento!' Bem, ok. O problema é que é isso que vai matar este planeta. E até que entendamos isso, todas as boas causas e todas as angariações de fundos e todos os pequenos curativos que continuamos a pôr nos problemas não irão verdadeiramente fazer a diferença."
Tendo em conta todo o dano que causamos ao planeta, precisamos começar a desenvolver outros mundos para viver? Infelizmente, essa não parece uma opção viável para os próximos anos - ou até para os próximos cem anos. "Qualquer um que entenda um pouco de física sabe que a viagem interestelar será terrivelmente difícil e necessitará de enormes quantidades de energia. Teria de ser algo incrivelmente precioso para nos tirar deste sistema solar e nos levar mesmo ao vizinho mais próximo." Mas Cameron ainda está comprometido com a idéia de que devemos desenvolver a tecnologia espacial, tendo participado do Conselho de Consultadoria da NASA de 2003 a 2005.Como não parece que seguimos vamos rumo a Alpha Centauri tão cedo, não poderemos arranjar uma forma de viver em sincronia com o nosso mundo, como os Na'vi fazem com o deles? "É uma boa pergunta. Isso ainda não está claro. Esperemos que as crianças se relacionem com o filme assim como o Jake, com a ideia que temos de ser guerreiros pelo nosso planeta ou então não sobreviveremos nada. Somos muito inteligentes, muito adaptáveis, temos consciência e compaixão; são nessas qualidade que deposito minha esperança. Mas também penso que as crianças têm de pôr a mão no forno para saber o perigo. E nós ainda não queimamos muito a nossa mão."
Bom dia a todos!
Pet*
FONTE: James Cameron - portal MSN;
Indicação: Dryelle Galdino
